5 PRODUÇÕES SOBRE SEXO E PORNOGRAFIA DISPONÍVEIS NA NETFLIX

Para entender as engrenagens da indústria pornô e como outros países vêem o sexo, confira uma lista com produções que falam sobre camgirls, relacionamentos ao redor do mundo, bastidores dos vídeos, ascensão do gênero no oriente e muito mais.

No Brasil, 22 milhões de pessoas consumiam pornografia entre 2016 e 2017. É o que afirmou a pesquisa feita pela Quantas Pesquisas e Estudos de Mercado. O dado é referente àqueles que assumiram o consumo e que pesquisavam vídeos com constância. Logo, o número oficial seria claramente muito maior.

A mesma pesquisa revela que esta categoria fílmica é sinônimo de pílula de estímulo. As pessoas assistem para sentirem prazer e se livrarem de frustrações ou, quem sabe, reacenderem fantasias e desejos.

No mesmo ano, o site Pornhub registrou o acesso de 81 milhões de visitantes por dia. Ao todo, foram feitas 50 mil buscas por minuto ao redor do mundo.

Já em 2012, a pornografia movimentava 30% de todo o tráfego na internet. Imagina hoje, oito anos mais tarde?


É PRECISO ATENÇÃO COM O MACHISMO E MAIS PERIGOS:

Não há problema em consumir pornografia, afinal, a masturbação faz bem para o autoconhecimento e para a saúde em diversos aspectos, como afirmam médicos e especialistas. Mas a popularização desse tipo de conteúdo na internet faz com que muitos sites compartilhem diversos vídeos pornográficos em massa e sem cautela para muitos dos temas apresentados.

Em consequência, a indústria passa a produzir conteúdos mais degradantes, com salários reduzidos. Hoje, muitos atores, principalmente atrizes, se submetem a papéis que antes não fariam. 

Exemplos que ilustram este fato foram as mortes de cinco atrizes do pornô nos Estados Unidos, vítimas de intimidação online, vício em drogas e desequilíbrio emocional devido ao estigma que ainda enfrentam em suas suas vidas sociais.

Existem, ainda, as críticas ao machismo incrustado em diversas dessas produções, as quais raramente focam no que dá, de fato, prazer feminino. Objetificação do corpo feminino, pedofilia, incesto e outros temas também surgem em alguns dos vídeos (mesmo quando feitos de forma fictícia, com atores), o que leva a alertas sobre os absurdos que estão por trás de tantos dos conteúdos.

Para entender melhor como funciona a indústria do sexo e como diversas culturas encaram relações sexuais, o NÃO ÓBVIO separou produções disponíveis na Netflix sobre a temática. Confira:

1. AFTER PORN ENDS


After Porn Ends é uma trilogia de filmes sobre atores pornô. 

O primeiro longa foi lançado em 2012 e conta minuciosamente o antes, durante e pós fama de diferentes atores envolvidos na indústria pornográfica norte-americana. Nove personagens aceitaram participar, dentre eles Asia Carrera e Amber Lynn.

O filme tenta desmistificar a visão errada que as pessoas costumam ter sobre quem são atores pornôs e os motivos que os levam para essa vida. Será que, quando o pornô acaba, eles conseguem viver uma “vida normal”?

After Porn Ends mostra a realidade nua e crua dos ambientes pornográficos dos Estados Unidos, através das falas dos personagens. Tentativas de estupro, desrespeito à figura feminina, o uso frequente de drogas e a desvalorização e preconceito são alguns dos temas abordados. 

Este é um documentário forte, ao passo em que revela o quanto a relação entre produção e consumo reforça determinados valores enraizados numa sociedade conservadora, que inferioriza as pessoas envolvidas; conforme simplesmente, tentam viver uma vida normal pós pornografia.

☌ Gênero: Documentário
☌ Duração: 94 minutos
☌ Lançamento: 2012 
☌ Direção: Bryce Wagoner
☌ Elenco: Asia Carrera, Amber Lynn, Mary Carey, Tiffany Million, Richard Pacheco, Shelley Lubben, Randy West, Nina Hartley e John Leslie
☌ Nacionalidade: Estados Unidos

2. HOT GIRLS WANTED: TURNED ON


Antes de virar série documental, Hot Girls Wanted foi lançado em 2015 no formato de longa e exibido no Festival Sundance de Cinema. O filme foi bastante criticado pelo público, bem como pela mídia especializada, por mostrar atrizes e atores inexperientes no início de suas carreiras, entre 18 e 21 anos.

Com o objetivo de dar a volta por cima e expandir as discussões acerca do universo da pornografia, em 2017, a Netflix lançou Hot Girls Wanted: Turned On, minissérie com seis episódios.

Criada por Ronna Gradus, Rashida Jones e Jill Bauer, assim como em Christiane Amanpour: Amor e Sexo pelo Mundo, a série tem mais mulheres do que homens envolvidos na produção.

Os episódios falam sobre a crescente produção de pornografia feminista, o uso de redes de relacionamento como Tinder, que facilitam a busca por amor ou sexo, a vida de uma camgirl, as pressões sob um ator pornô e uma atriz pornô e a transmissão de um estupro ao vivo pelo Periscope.

Cada episódio tem um personagem principal e cerca de 45 minutos. Hot Girls Wanted: Turned On é criticada por, muitas vezes, tratar os assuntos de forma superficial. Cabe ao espectador se aprofundar nas temáticas propostas.

☌ Gênero: Documentário
☌ Lançamento: 2017
☌ Finalizada? Sim. | Não ha previsão sobre possível continuação.
☌ Quantidade de temporadas: 1
☌ Nacionalidade: Estados Unidos

3. CHRISTIANE AMANPOUR: AMOR E SEXO PELO MUNDO


A série não possui trailer. Mas, confere aí, a entrevista de Christiane sobre Amor e Sexo pelo Mundo para Trevor Noah

Tomada de súbito pelo desejo de explorar as relações afetivas ao redor do mundo, a jornalista e correspondente internacional da CNN Christiane Amanpour deu início a série “Christiane Amanpour: Amor e Sexo pelo Mundo”. 

Lançada em 2018, a série tem ao todo seis episódios, cada um em um lugar diferente: Tóquio, Délhi, Beirute, Berlim, Acra e Xangai.

A ideia surgiu num dia em que escovava os dentes enquanto ouvia notícias sobre a guerra Síria. A partir daí, passou a se questionar como aquelas pessoas encaravam o sexo, amor e casamento numa situação tão delicada.

A série documental mostra transformações históricas nas culturas, bem como tradições que perpetuam, sobretudo, sob a perspectiva feminina.

Entre os temas abordados estão casamentos arranjados, igualdade de direitos sexuais entre mulheres e homens, BDSM e reconstrução do hímen para que mulheres possam casar virgens. Cada um desses episódios é dirigido por alguma mulher diretora.

Christiane Amanpour reforça: “mulheres, conheçam seus direitos, homens, respeitem as mulheres”.

☌ Gênero: Documentário
☌ Lançamento: 2018
☌ Finalizada? Sim. | Não ha previsão sobre possível continuação.
☌ Quantidade de temporadas: 1
☌ Nacionalidade: Estados Unidos

4. O DIRETOR NU


Série original da Netflix, O Diretor Nu fez grande sucesso devido a sua temática inexplorada na versão audiovisual.

Uma das primeiras séries orientais produzida em parceria com a Netflix, O Diretor Nu conta a história do diretor Toru Muranishi, considerado controverso e inovador, o imperador do pornô.

Figura emblemática no Japão há 40 anos, na época a indústria pornográfica era um negócio milionário no país, mesmo que sexo explícito fosse proibido. Muranishi foi responsável pela criação do estilo pornô em primeira pessoa. 

Além de contar a história de Toru Muranishi – inspirado no romance de não-ficção Zenra Kantoku Muranishi Toru Den, de Nobuhiro Motohashi -, a série mostra a relação do povo japonês com a pornografia e a notoriedade que o estilo recém-criado foi ganhando.

Por se passar no Japão dos anos 1980, os diretores da série não hesitam em mostrar um país em crise, devido a bolha econômica no final da década.

O Diretor Nu tem pitadas de drama e humor, mostrando os altos e baixos na vida de Toru Muranishi, até o envolvimento com grandes mafiosos e a disputa pela liderança no mercado pornográfico.

☌ Gênero: Drama, comédia, biografia
☌ Lançamento: 2019
☌ Finalizada? Sim. | Não ha previsão sobre possível continuação.
☌ Quantidade de temporadas: 1
☌ Nacionalidade: Japão

5. CAM


Única ficção da lista, Cam tem um lado sombrio bem estilo Black Mirror. 

Por mais que o filme foque suas reflexões sobre a dualidade humana frente a internet, podemos entender um pouco melhor como funciona a rotina de uma camgirl. Fato creditado pelo roteiro produzido por Isa Mazzei, ex-camgirl.

Em Cam, acompanhamos a vida de Alice (Madeline Brewer) e Lola (seu alter-ego online), em busca da primeira posição num site de camgirls. Para isso, Alice estabelece regras em sua vida profissional, sobre o que pode e não pode fazer em frente às câmeras.

As coisas começam a mudar, quando sua conta é invadida por outra pessoa idêntica a ela, que passa a quebrar todas as regras antes estipuladas. 

O longa aborda manipulação e exploração no ambiente online e ainda brinca com a dualidade: quem é você na internet? Quem é você na vida real? Afinal de contas, existem limites para se obter sucesso e aclamação na internet?

As críticas, que podem ser vistas como metáforas para diversos aspectos da vida, brincam com um tom de Black Mirror (série, também da Netflix) que mostra universos distópicos em que a tecnologia é usada para apresentar reflexões sociais).

Cam também traz a forte mensagem sobre como a mulher que trabalha como camgirl é vista; os abusos que sofrem, assédio e descrédito: até mesmo de autoridades como policiais que não levam Alice a sério quando vai à delegacia denunciar o crime de invasão e roubo de identidade. 

☌ Gênero: Terror, suspense
☌ Duração: 94 minutos
☌ Lançamento: 2018
☌ Direção: Daniel Goldhaber
☌ Elenco: Madeline Brewer, Patch Darragh, Devin Druid, Imani Hakim
☌ Nacionalidade: Estados Unidos

Autor: Carolina Rodrigues • @carolinahelfstein

Jornalista apaixonada por k-pop e aficionada pela cultura pop em geral.

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