Cada vez mais a cultura oriental se torna popular em diversos cantos do mundo. As artes têm feito a diferença. Animes, mangás e, sobretudo, a música do outro lado do mundo vêm ganhando mais espaço, inclusive no Brasil. Esse boom fez com que diversas plataformas de streaming e canais de televisão investissem na produção em massa de produtos audiovisuais com características orientais.
A Netflix, por exemplo, anunciou em um evento em Singapura no ano passado que seriam selecionados para compor seu catálogo mais de 100 produções asiáticas, derivadas de oito países da região – incluindo filmes e animes.
A Ásia, contudo, ganhou destaque, principalmente, por causa do k-pop e do grupo musical BTS. O sucesso foi tanto que a banda ficou em primeiro lugar no ranking da Billboard por cinco semanas consecutivas, acumulando dezenas de prêmios e difundindo não somente a palavra k-pop, mas também o próprio continente para todo o mundo. Foi por conta da música, inclusive, que o interesse por aulas de coreano e intercâmbio para a Coreia do Sul aumentaram nos últimos anos.
Por tantos detalhes, qualquer pessoa que deseje estar atenada e à frente do que vai rolar no mundo, precisa saber mais sobre essa cultura em plena expansão. Para ajudar nessa empreitada, o NÃO ÓBVIO preparou uma lista de documentários que exploram as tradições e culturas asiáticas em suas diversas vertentes e de formas emocionantes, leves ou até aterrorizantes. Confira:
1. Street Food
No primeiro volume da série documental Street Food, produzida pela Netflix, conhecemos a vida e, como o título diz, a comida de rua de personagens asiáticos. A primeira fase da série é totalmente focada em países do continente oriental, indo da Tailândia a Filipinas.
Cada episódio da temporada foca em um personagem principal que, de alguma forma, impacta o comércio local. Além disso, os diretores têm extremo cuidado ao retratar a realidade de cada uma das pessoas, exibindo a história por trás dos pratos criados e mostrando as relações deles a questões mais pessoais e sociais.
Com lições de empreendedorismo e reflexões diversas sobre família, persistência e outros tantos valores, a produção pode emocionar, inspirar e amolecer corações.
É interessante observar que ao contar a história de cada um, a comida ultrapassa seu papel principal de manter nosso organismo em funcionamento. A comida de rua mantém a tradição, mostra a cultura de um país e muitas vezes pode ser símbolo de resistência.
Um spoiler: não assista se estiver com fome!
☌ Onde assistir: Netflix
☌ Lançamento: 2019
☌ Finalizada? Não. | Novas temporadas ainda não foram divulgadas.
☌ Quantidade de temporadas: 1
☌ Nacionalidade: Global
2. Explicando: K-pop
Quando você pensa na cultura oriental, qual a primeira música que vem à sua mente? Acreditamos que não tenha sido nenhuma do estilo pansori – música tradicional coreana.
Mas, quem sabe tenha sido algo relacionado ao k-pop. O estilo se tornou febre desde o viral Gangnam Style, do sul-coreano Psy, mas foi só com o grupo BTS que o pop coreano explodiu ao redor do mundo.
Para entender melhor como o estilo musical se desenvolveu até ter o formato que tem hoje, a série Explicando (da Netflix) desenvolveu um episódio especial sobre o tema em sua primeira temporada.
Na produção, é traçado um panorama anterior à explosão coreana Seo Taiji & Boys (1992) e trilham o caminho até hoje, abordando a história da música na Coreia do Sul e a mudança de perspectiva sobre ela ao decorrer dos anos.
Política e outros temas vão surgindo em entrelinhas e gerando reflexões diversas enquanto essa linha do tempo é construída.
☌ Onde assistir: Netflix, episódio 4
☌ Lançamento: 2018
☌ Finalizada? Não. | A série prossegue incluindo novos episódios (em geral, semanalmente).
☌ Quantidade de temporadas: 2
☌ Nacionalidade: Estados Unidos
3. Estúdio Ghibli: Reino de Sonhos e Loucura
O Studio Ghibli é um estúdio de animação japonês que já produziu 21 filmes de animação. Muitos são repletos de lições e emocionam os espectadores. Alguns, inclusive, são ditos não apenas como filmes para todas as idades, mas muitas vezes são apontados como obras maduras e intensas demais para crianças (a depender da idade).
☌ Todos os filmes do Ghibli chegam em fevereiro à Netflix.
Em Reino de Sonhos e Loucura, é possível acompanhar a rotina de trabalho dos criadores do estúdio. Hayao Miyazaki, Isao Takahata e Toshio Suzuki aparecem entre reuniões e produções de duas novas animações, Vidas ao Vento e O conto da princesa Kaguya. Assim, a obra mergulha em alguns dos mais aclamados personagens da animação oriental.
Miyazaki, Takahata e o produtor Suzuki trabalham juntos no Estúdio Ghibli, que é o maior em animação no Japão. Fundado em 1985, ele acumula mais de 20 filmes aclamados pela crítica.
O Estúdio já ganhou diversos prêmios, inclusive em 2003, quando conquistou o Oscar de animação, por A Viagem de Chiriro – primeiro filme internacional a ganhar na categoria e um dos filmes mais conhecidos mundialmente.
Para quem tem interesse em produção de animações, este documentário é indispensável.
☌ Onde assistir: Amazon Prime
☌ Gênero: Documentário
☌ Duração: 1 hora e 58 minutos
☌ Lançamento: 2013
☌ Direção: Mami Sunada
4. Little Miss Sumo
Em Ela Luta Sumô, título em português, acompanhamos Hiyori Kon. A esportista luta para se tornar uma grande competidora no sumô e por igualdade de gênero no esporte.
O sumô remonta uma antiga tradição japonesa da religião xintoísta. Desde os primeiros registros, apenas homens praticavam o ritual. As mulheres ficavam de fora e não podiam entrar no dohyo – o ringue circular em que o rito se perpetuava. Eram consideradas impuras, por causa de seu sangue menstrual.
Esporte tradicional do Japão, o sumô conserva antigas tradições e mesmo que cada vez mais mulheres se insiram nesse meio, a prática feminina ainda não é considerada profissional. Inclusive, mulheres são impedidas de competir no dohyo da arena Ryogoku Kokugikan em Tóquio, a meca do sumô.
Através do documentário, sentimos o amor de Hiyori Kon pelo esporte e, por mais curto que seja, o documentário é intenso, ao passo que sensibiliza por sua mensagem, pelas críticas sociais (que podem se conectar aos casos de machismo no próprio Brasil) e pela saga de Hiyori. Em 2019, a BBC a incluiu na lista das 100 mulheres mais inspiradoras e influentes daquele ano.
Numa cultura em que a mulher deve andar três passos atrás do homem, estar em contato com esse tipo de exemplo é importante para que mudanças sejam feitas.
☌ Onde assistir: Netflix
☌ Gênero: Documentário
☌ Duração: 19 minutos
☌ Lançamento: 2018
☌ Direção: Matt Kay
5. Indústria Americana
Para entender melhor questões trabalhistas chinesas, Indústria Americana é uma boa opção de longa-metragem. Ela retrata a reabertura da fábrica Fuyao Glass na cidade de Ohio, Estados Unidos.
Em 2019, mesmo ano em que foi lançado, Indústria Americana ganhou dois prêmios e, agora em 2020, o filme foi indicado ao Oscar de melhor documentário de longa-metragem, concorrendo com o brasileiro Democracia em Vertigem.
O filme mostra, sobretudo, o choque cultural dentro da Fuyao Glass America, entre norte-americanos e chineses. Por ter ritmos e direitos diferentes, um embate trabalhista se desenvolve sob o sentimento de esperança e sucesso que nasce quando a fábrica se instala e oferece vagas de emprego para moradores de Ohio.
Choque de culturas é o que marca Indústria Americana. Como relações de trabalho devem ser geridas num mundo marcado pela aceleração e avanços tecnológicos?
Há pessoas, inclusive, pontuando que o filme romantiza tipos de ditaduras veladas e outros formatos perigosos socialmente. É importante que seja assistido com olhos atentos e críticos para que haja o debate saudável.
☌ Onde assistir: Netflix
☌ Gênero: Documentário
☌ Duração: 1 hora e 50 minutos
☌ Lançamento: 2019
☌ Direção: Steven Bognar e Julia Reichert